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22 de out. de 2008

Condenados à Liberdade

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No dia 22 de outubro de 1964 o escritor e filósofo existencialista Jean-Paul Sartre é eleito para receber o Prêmio Nobel de Literatura, mas declina.

Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista e escritor francêsJean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de Junho de 1905 — Paris, 15 de Abril de 1980) foi um filósofo existencialista francês do início do século XX. Dizia vir a existência antes da essência. Assim, no existencialismo (que começa com Kierkegaard, 1813-1855 - Ou até mesmo antes com Blaise Pascal, 1623-1662 ou Santo Agostinho 354-430), o papel da filosofia é invertido. Desde Platão, quando temos o nascimento da linguagem filosófica (em forma de diálogos), a preocupação desta é o universal em detrimento do particular. E, agora, a existência toma seu lugar na discussão filosófica, partindo de questões cotidianas, e caminhando em direção à universalidade.

Órfão de pai desde os dois anos, Jean-Paul Sartre sofreu as primeiras influências por parte de sua mãe Anne-Marie e de seu avô Charles Schweitzer, que o iniciou na literatura clássica desde cedo. Fez seus estudos secundários em Paris, no Lycée Henri IV, onde conheceu Paul Nizan. De 1922 a 1924, estudou no curso preparatório do lycée Louis-le-Grand.

Nessa época despertou seu interesse pela Filosofia, influenciado pela obra de Henri Bergson. Em 1924 ingressou na École Normale Supérieure, onde conheceu, em 1929, Simone de Beauvoir que se tornaria sua companheira e colaboradora até o fim de sua vida.

Sartre e Beauvoir não formavam um casal comum de acordo com padrões da época. Ambos possuíam amantes, e partilhavam confidências sobre suas relações com outros parceiros. Este modo de vida violava os valores da tradicional sociedade francesa, que se escandalizou com essa relação.

Apresentado à fenomenologia de Husserl por Raymond Aron, Sartre fica fascinado por essa escola que permite estudar filosoficamente cada aspecto da vida humana. Vai então a Berlim como bolsista do Institut Français. Durante esta viagem, conhece a obra de Martin Heidegger que se tornaria a base da primeira fase de sua carreira filosófica.

De 1936 a 1939, ele ensina em Havre, Laon e Paris. Nesta época escreve suas primeiras obras filosóficas: L'Imagination (A Imaginação) (1936) e La Transcendence de l'égo (A Transcendência do ego) (1937). Em 1938 publica La Nausée (A Náusea), um romance que é uma espécie de estudo de caso existencialista e que apresenta, em forma de romance, algumas das idéias que ele posteriormente desenvolveria em sua obra filosófica.

"A Liberdade é a nossa arma."
Jean Paul Sartre

Em 1939 Sartre se engaja no exército francês, e serve na Segunda Guerra Mundial como meteorologista. Em Nancy é aprisionado no ano de 1940 pelos alemães, e permanece na prisão até abril de 1941. De volta a Paris, alia-se à Resistência Francesa, onde conhece e se torna amigo de Albert Camus (Do qual já conhecia a obra e sobre quem já havia escrito um ensaio extremamente elogioso a respeito do livro "O Estrangeiro"). A amizade entre Sartre e Camus perdurará até 1952, quando os dois rompem a relação públicamente devido à publicação do livro do Camus "O Homem Revoltado" no qual Camus ataca criticamente o Stalinismo. Sartre defendia uma relação de colaboração critica com o regime da URSS e permitiu a publicação de uma critica desastrosa sobre o livro do Camus em sua revista "Les Temps Modernes" (critica esta que Camus respondeu de maneira extremamente dura) e que foi a gota d´água para o fim da relação de amizade). Mas até o final da vida Sartre admirará Camus, como ele mesmo expressa nas entrevistas que teve com Simone de Beauvoir em 1974 - e que ela publicou postumamente.

Em 1943 publica seu mais famoso livro filosófico, L'Être et le Néant (O ser e o nada), ensaio de ontologia fenomenológica, que condensa todos os conceitos importantes da primeira fase de seu sistema filosófico.

Sua participação na Resistência não é aceita por todos, e o filósofo Vladimir Jankélévitch o reprova por sua "falta de engajamento político" durante a ocupação alemã, e vê em seus posteriores combates em prol da liberdade uma tentativa de se redimir por esta atitude.

Em 1945, ele cria e passa a dirigir junto a Maurice Merleau-Ponty a revista Les Temps Modernes (Tempos Modernos), onde são tratados mensalmente os temas referentes à Literatura, Filosofia e Política. Além das contribuições para a revista, Sartre escreve neste período algumas de suas obras literárias mais importantes. Sempre encarando a literatura como meio de expressão legítima de suas crenças filosóficas e políticas, escreve livros e peças teatrais que tratam a respeito das escolhas que os homens tomam frente às contingências às quais estão sujeitos. Entre estas obras destacam-se a peça Huis Clos (Entre quatro paredes) (1945) e a trilogia Les Chemins de la liberté (Os caminhos da Liberdade) composta pelos romances L'age de raison (A idade da razão) (1945), Le Sursis (Sursis) (1947) e Le mort dans l'âme (Com a morte na alma) (1949).

No período mais prolífico de sua carreira escreve ainda várias peças de teatro e ensaios. Na década de 1950 assume uma postura política mais atuante, e abraça o comunismo. Torna-se ativista, e posiciona-se publicamente em defesa da libertação da Argélia do colonialismo francês. A aproximação do marxismo inaugura a segunda parte da sua carreira filosófica em que tenta conciliar as idéias existencialistas de auto-determinação aos princípios marxistas. Por exemplo, a idéia de que as forças sócio-econômicas, que estão acima do nosso controle individual, têm o poder de modelar as nossas vidas. Escreve então sua segunda obra filosófica de grande porte, La Critique de la raison dialectique (A crítica da razão dialética) (1960), em que defende os valores humanos presentes no marxismo, e apresenta uma versão alterada do existencialismo que ele julgava resolver as contradições entre as duas escolas.

Considerado por muitos o símbolo do intelectual engajado, Sartre adaptava sempre sua ação às suas idéias, e o fazia sempre como ato político. Em 1963 Sartre escreve Les Mots (As palavras, lançado em 1964), relato autobiográfico que seria sua despedida da literatura. Após dezenas de obras literárias, ele conclui que a literatura funcionava como um substituto para o real comprometimento com o mundo. Em 1964 recebe o Prêmio Nobel de literatura, que ele recusa pois segundo ele "nenhum escritor pode ser transformado em instituição". Morre em 15 de abril de 1980 no Hospital Broussais em (Paris). Seu funeral foi acompanhado por mais de 50 000 pessoas. Está enterrado no Cemitério de Montparnasse em Paris.

Fonte: Wikipedia

2 comentários:

Anônimo 10:47 PM  

O vídeo foi muito bem realizado. Um slideshow altamente coerente com as palavras que vão sendo ditas. Um achado, Helinho!

helio jenné 3:19 PM  

Que bom que você gostou, Nina! Pesquisei bastante para encontrar esse slideshow que tem o melhor resumo do pensamento existencialista do filósofo francês. Beijos!

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