Vem de uma vez!

Urania e Calliope (detalhe) - 1634,
óleo sobre tela de Simon Vouet (França, 1590-1649)

Vem de Uma Vez!

Vem me encontrar
Me conhecer de verdade
Vem de uma vez
Acabar com a minha sede
Me faz perder os sentidos
E encontrar um sentido
Pra tudo que tenho sentido

Me afogue, me encante mais uma vez
Traga sua cachoeira pra mim
Me faça ficar à vontade ao seu lado,
Despeje em mim o seu desejo represado
Com um imenso beijo molhado

E... me abrace
Um abraço demorado, apertado, sincero e calado.
Daquele que se dá na volta
Da longa viagem de uma vida

Só então vou me sentir feliz
Ao senti-la por inteiro,
Colada em mim...
E nessa hora sem data
Me entregue seu melhor afeto

Me conte também um segredo antigo
E me prove seu sabor azedo.
Quero senti-lo também!
Quero ser seu amigo!
Traz pra mim o meu sonho
Musa que inspira o meu melhor

Com o pensamento em você
Noite e dia, sem noção, até tarde
Rabisco sem saber onde encontrar
A fonte dessa chama que arde
As labaredas rubras lembram você,
Que hoje, para mim é Calíope.

Como um filhote de passarinho
Espero o alimento na boca,
Um pouco do seu calor
Parte do seu amor, nada mal...
Pitadas do seu carinho
Uma fantasia de Carnaval

Helio Jenné